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Ex-presidente nacional da UJS, era Secretário de Esportes do Pará e é atual dirigente do PCdoB e pai coruja da Clarice.
sexta-feira, 30 de abril de 2010

Barbárie Impune

Neco Panzera, meu pai, Eneida Guimarães, minha mãe. Ambos perseguidos pela ditadura militar. Tiveram que correr mundo afora, fugindo pelos rincões deste Brasil. Com nome falso, filhos criados na pobreza do campo, casas deixadas para trás a cada batida da polícia.


Nós, crianças, eu e meus dois irmãos, não entendíamos muita coisa. Eu tinha oito, nove anos, quando os adultos falavam em Anistia. Meu pai mudou de nome de uma hora pra outra, minha mãe também. Em meu nome foi acrescentado um estranho "Panzera" de sobrenome. Ficamos meio perdidos. Mas hoje sei que a dura realidade pegou leve com a nossa família.

Meu pai chegou a ser preso. Mas fugiu. E as centenas de mães que foram torturadas? E os pais que deixaram órfãos tanta gente? Esses, acaba de dizer o STF, estão em pé de igualdade com os que causaram suas dores. A lei de Anistia foi mantida. E os torturadores, os assassinos, os covardes que se disfarçavam sob o manto da polícia, do DOI-CODI, do Exército, para bater, chutar, dar choques, afogar, arrancar unhas, furar olhos, estuprar, enterrar pessoas vivas, fuzilar, enforcar, "suicidar" - estes hoje respiram aliviados.

Não é revanche o que se quer. Não queremos a condenação do valoroso exército brasileiro, não queremos a vergonha das polícias. Mas queremos a punição de criminosos bárbaros, de gente que agiu contra a humanidade. Queremos que qualquer um que imagine fazer isso novamente seja obrigado a pensar duas vezes. Queremos que os torturadores e assassinos saibam que a sociedade não concorda com eles.

E é claro que a sociedade não concorda. Mas, pena, o STF avaliza essa gente. E, com o gesto de hoje, assinou embaixo.

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